ORAÇÃO DO PINTOR

Senhor!...
Através de pincéis e tintas, cores e telas, concedeste-me o trabalho de que se me honorifica a existência.
Obtenho os recursos que se me fazem necessários, criando imagens com que influencio o espírito alheio. Deste-me porém, tanta facilidade para exteriorizar a minha própria imaginação que, às vezes, receio descambar para figurações menos felizes, capazes de conturbar quem as vê, simplesmente pela sede de popularidade ou dinheiro fácil.
Ensina-me, Senhor, a compreender a harmonia com que distribuíste sabidamente as cores nos quadros da natureza, no orbe que nos emprestaste para viver.
Tingiste o firmamento de azul e a vegetação de verde, as cores repousantes que nos tranqüilizam o campo mental, mas, imprimiste ao sangue o vermelho alarmante e agressivo para que, ao menor sinal de perigo, venhamos a defender prontamente a vida corpórea.
Situaste as cores resplandentes do Sol, de cima para baixo, como dar-nos a idéia da marcha que a todos nos compele da sombra para a luz.
Entretanto, não puseste cor alguma no ar, a fim de que ninguém possa criar o mínimo traço de privilégio ou separatividade na distribuição do agente essencial à sustentação de todas as criaturas da Terra.
Coloriste a verdade com o realismo que lhe é próprio, mas não desprezaste a beleza e o sonho inventando para o nosso olhar as maravilhas do arco-íris que não existe como elemento substancial e, sim, como inspiração de paz e harmonia que nos sublime os impulsos.
Senhor!...
Ensina-me equilíbrio e o respeito aos outros para que eu apenas crie formas do bem e para o bem, a fim de que eu possa cooperar na segurança e na ordem, na serenidade e na alegria permanentes de tua obra, hoje e sempre.


Livro: Sentinelas da Alma
Espírito: Meimei
Psicografia de Francisco Cândido Xavier